Uma das verdades mais importantes para um discípulo de Jesus Cristo é a que afirma que o Senhor tem a Sua maneira de fazer as coisas (ver Isaías 55:8–9), e que somos abençoados além das nossas expectativas e compreensão quando fazemos as coisas à maneira do Senhor.
Conforme ensinou o Presidente Hinckley, a maneira do Senhor de fazer as coisas é melhor do que qualquer dos métodos do mundo (ver Reunião Mundial de Treinamento de Liderança, 10 de janeiro de 2004, pp. 20–21), ou mesmo do que qualquer alternativa pessoal (ver I Coríntios 12:31). Quando decidimos fazer as coisas à maneira do Senhor, Ele nos ajuda a ter capacidade para realizar tudo o que for necessário (ver 1 Néfi 9:6).
Uma parte fundamental da maneira do Senhor é a autossuficiência espiritual e material. Sou responsável por prover o meu próprio sustento, o de minha esposa e filhos, e o de outros familiares, quando adequado, bem como por ser generoso com outras pessoas, quando necessário. Não é correto esperar que a comunidade, o estado, o país ou qualquer outra organização ou pessoa cuide de minhas necessidades ou responsabilidades (ver I Timóteo 5:8). E é mais incorreto ainda pensar que a Igreja cuidará ou deveria cuidar de mim ou dos meus. O Senhor ensinou ao Faraó e aos egípcios, por meio de José, que devemos, nos tempos de fartura, preparar-nos para os inevitáveis tempos de escassez (ver Gênesis 41:25–36). Se fizermos isso, sempre seremos autossuficientes.
Esse princípio se aplica à preparação para servir em uma missão. Em termos financeiros, como devemos sustentar-nos durante a missão? Um exemplo perfeito da aplicação desse princípio é a maneira do Senhor de financiar a missão. Cada Élder ou Síster deve pagar a própria missão (o custo atual é de R$500,00 mensais). Aqueles que nasceram na Igreja devem começar a economizar para a missão desde a infância, e os conversos devem fazê-lo desde o batismo. Os casais também devem começar a fazer isso o quanto antes. Os pais podem dar a cada filho ou filha, quando estes forem ainda bem novos, um cofrinho, a fim de ensinálos a economizar, orientando-os sobre a importância de se prepararem financeiramente para a missão. Esses ensinamentos podem ser enfatizados pelos líderes do sacerdócio e das auxiliares, que podem também tomar as devidas providências para ajudar aqueles cujos pais não sejam membros e os que se batizam com mais idade.
Em algumas situações, o missionário vai precisar de ajuda. É nessas situações que a família pode ajudar. Pais, irmãos e irmãs podem auxiliar, às vezes até conseguindo um segundo emprego para atender a essa necessidade. É claro que isso vai exigir um sacrifício considerável. Quando todos trabalhamos juntos para manter o “nosso” missionário, milagres acontecem. Isso acontece até mesmo com parentes que ainda não são membros da Igreja. Como diz um hino, “o sacrifício traz as bênçãos do céu”.
Às vezes, mesmo depois de o missionário e sua família terem feito todo o possível, pode ser que ainda não tenham o suficiente para custear toda a missão. Aí, então, os amigos e a ala podem ajudar. Sob a coordenação do bispo, esses outros recursos podem proporcionar os meios necessários para o fundo missionário da ala, completando o montante necessário para custear a missão.
É de extrema importância que todos os que se envolverem cumpram os compromissos de apoio financeiro assumidos. Seria muito triste se o missionário tivesse de retornar ao lar antecipadamente por não ter o necessário suporte financeiro.
A maneira de o Senhor fazer as coisas sempre requer uma prova de nossa fé. Não é fácil custear nossa própria missão à maneira do Senhor. Será necessário muito sacrifício — sacrifício benfazejo por uma causa digna. Poderá haver problemas — enfermidades inesperadas, perda de emprego, acidentes ou despesas não planejadas, ou mesmo o simples desânimo. Nessas situações, será preciso que exerçamos uma fé ainda maior. Suplique com humildade a ajuda e a orientação do Senhor para obter os milagres necessários. Guarde os mandamentos. Seja rigoroso no pagamento fiel do dízimo integral e faça uma generosa oferta de jejum. Estude as escrituras. Vá ao templo sempre que possível. Depois disso tudo, prossiga fazendo o melhor que puder para encontrar uma maneira de fazer as coisas darem certo, seguindo os sussurros do Espírito. O Senhor fará a parte Dele. Lembre-se do testemunho de Néfi: “E assim vemos que os mandamentos de Deus devem ser cumpridos. E se os filhos dos homens guardam os mandamentos de Deus, ele alimenta-os e fortaleceos e dá-lhes meios pelos quais poderão cumprir as coisas que lhes ordenou; portanto ele nos deu os meios de sobrevivermos enquanto permanecíamos no deserto” (1 Néfi 17:3; ver também 1 Néfi 17:1–3; 3–7).
Um Exemplo BrasileiroTemos aqui no Brasil um excelente exemplo do plano do Senhor, na vida da família Soares. Tanto o Presidente Ulisses Soares quanto sua esposa Rosana serviram como missionários de tempo integral. A missão de cada um deles foi paga de maneira diversa, porém ambos o fizeram à maneira do Senhor.
Os pais do Presidente Soares já eram membros quando ele foi batizado aos oito anos de idade. Em um maravilhoso exemplo de fidelidade, o bispo e os pais dele ensinaram-lhe a necessidade de economizar para a missão e o ajudaram, a partir dos onze anos de idade, a fazer depósitos mensais na poupança para a missão. Acompanharam com regularidade o seu progresso, com o bispo fazendo sua parte na entrevista semestral com o jovem Ulisses. À medida que ele crescia, sua capacidade de ganhar dinheiro aumentava, e os depósitos também aumentaram.
Quando faltavam dois anos para iniciar a missão, além de economizar, eles o incentivaram a começar a adquirir os itens necessários no campo missionário. Nos primeiros meses, ele comprou as malas, depois começou a comprar camisas, ternos, meias, etc., e guardou essas coisas nas malas. Dessa maneira, aos 19 anos de idade, ele estava pronto para servir em uma missão, tendo todos os recursos financeiros necessários, além dos itens da lista missionária — tudo pago com os próprios recursos.
A situação da irmã Rosana era diferente. Ela foi batizada aos 17 anos de idade. Os pais dela não eram membros e não queriam que ela fosse batizada na Igreja, embora lhe tenham, finalmente, dado a permissão. Eles categoricamente se opunham à ideia de ela servir em uma missão e se recusaram a ajudála. No caso dela, o bispo reconheceu uma necessidade real e conseguiu que três famílias da ala, que tinham recursos, se comprometessem a pagar a missão de uma jovem digna e desejosa de servir. Ela conseguiu, portanto, servir em uma missão com a ajuda da família da ala!
Em muitas situações, os pais serão capazes e terão o desejo de ajudar os filhos a pagar a missão. Mesmo assim, entretanto, a primeira responsabilidade é do jovem, como no caso do Élder Soares. A segunda responsabilidade é dos pais e da família. Se ainda faltarem recursos, a família da ala pode ajudar, como no caso da irmã Rosana Soares.
E o Fundo Missionário Geral da Igreja?O Fundo Missionário Geral existe para ajudar os missionários dignos que são realmente pobres. Ou seja, para aqueles que, depois de fazerem tudo o que for humanamente possível, conforme mencionado, ainda assim não conseguirem todos os recursos necessários para a missão. Um exemplo típico seriam os recém-conversos que não têm nenhum apoio da família. Esse fundo destina-se principalmente aos missionários de países onde a Igreja é nova e ainda não está bem consolidada. Isso dificilmente se aplicaria ao Brasil, a segunda nação da Igreja, onde temos estacas em todos os estados da União. Raramente seria adequada sua aplicação aqui no Brasil, que tem a economia mais forte da América Latina e uma das mais desenvolvidas do mundo. Neste país, somos capazes não só de nos sustentar, mas também de contribuir com recursos para ajudar os menos afortunados. Para alguns de nós, essa atitude é uma mudança em relação àquela a que estávamos acostumados. Porém, essa é a maneira do Senhor para pagarmos nossa missão.
Uma Multiplicidade de BênçãosSempre que exercemos fé e sabedoria para agir à maneira do Senhor, Ele derrama sobre nós uma multiplicidade de bênçãos (ver D&C 104:2). Muitas vezes somos abençoados além do que esperávamos, e muitas vezes nem percebemos.
Decidir pela autossuficiência nesse aspecto de nossa vida nos ajudará a criar o mesmo hábito em outras áreas. Os sacrifícios que fazemos para nos sustentar na missão ou para manter nossos familiares na missão trazem bênçãos incríveis para a vida de todos nós. O Senhor deseja nos abençoar muito mais do que às vezes permitimos.
Nossa fé aumentará. Essa fé repercutirá em todos os aspectos de nossa vida e de nosso serviço, tornando-nos melhores discípulos de Jesus Cristo. Muitas histórias das escrituras narram as bênçãos recebidas por aqueles que tiveram de se esforçar, como o povo de Alma (ver Mosias 23 e 24) e os filhos de Helamã (ver Alma 58:7–12).
Nosso testemunho se fortalecerá. Saberemos com certeza que esta é a obra do Senhor e que devemos executá-la à maneira do Senhor. Testifico que isso é verdade.